26 de ago. de 2013

A política e a mentira


O fato de que tantos políticos sejam mentirosos sem-vergonha não é culpa somente deles, mas também nossa. Quando as pessoas querem o impossível, somente mentirosos podem satisfazê-las, e unicamente no curto prazo. A atual série de revoltas na Europa mostra o que acontece quando a verdade afronta tanto os políticos quanto as pessoas no longo prazo.
Entre as maiores mentiras do Estado de Bem-Estar em ambos os lados do Atlântico é a noção de que o governo pode fornecer às pessoas coisas que desejam, mas não podem ter. Já que o governo retira seus recursos das pessoas, se as pessoas no geral não podem comprar algo, tampouco pode o governo.
Existe, é claro, a falácia recorrente de que o governo pode simplesmente aumentos os tributos sobre “os ricos” e usar tal receita adicional para pagar por coisas que a maioria das pessoas não pode comprar. O que é incrível é a hipótese implícita de que “os ricos” são todos tão idiotas que não farão nada para evitar que seu dinheiro seja tributado. A história mostra o contrário.
Depois que foi feita a emenda na Constituição dos Estados Unidos para autorizar o imposto de renda federal, em 1916, o número de pessoas informando rendas tributáveis de USD 300.000 ao ano ou mais caiu de muito mais de 1000 para menos do que 300 em 1921.
Os ricos estavam empobrecendo? De forma alguma. Eles estavam investindo muito dinheiro em títulos não-tributáveis. A quantidade de dinheiro investida foi maior do que o orçamento federal, e praticamente metade do tamanho da dívida nacional.
Não foi algo particular aos Estados Unidos  ou àquela era.  Depois que o governo britânico aumentou a alíquota do imposto de renda sobre as maiores rendas em 2010, eles descobriram que arrecadaram menos impostos do que antes. Outros países tiveram experiências similares. Aparentemente, os ricos não são todos idiotas, afinal.
Na economia globalizada atual, os ricos podem simplesmente investir seu dinheiro em países onde os alíquotas de impostos são menores.
Então, se você não pode confiar que “os ricos” irão pagar a conta (compensar), em que você pode confiar? Mentiras.
Nada é mais fácil para um político do que prometer benefícios governamentais que não podem ser entregues. Pensões tais como a Previdência Social são perfeitas para essa função. As promessas que são feitas referem-se a valores que serão pagos muitos anos a frente – sendo que outra pessoa estará no poder, com a tarefa de descobrir o que dizer e fazer quando o dinheiro acabar e as revoltas começarem.
Existem várias formas de postergar o dia do ajuste de contas. O governo pode se recusar a pagar o custo para fazer as coisas. Cortar os salários dos médicos que atendem pacientes através do Medicare é um exemplo óbvio.
Aquilo, é claro, leva alguns doutores a recusar o atendimento a pacientes do Medicare. No entanto, um tempo é necessário para que seja sentido o impacto de tal processo – e as eleições ocorrem no curto prazo. Esse é um outro problema importante que pode ser deixado para outrem tentar lidar no futuro.
Quantidades crescentes de papelada para doutores nos estados de bem-estar com sistemas de saúde públicos, e pagamentos reduzidos para os mesmos, de forma a protelar o dia da falência, significando que a profissão médica é provável que atrairá menos dos mais brilhantes jovens que visualizam outras ocupações disponíveis – pagando mais e se incomodando menos. Mas esse também é um problema de longo prazo – e as eleições ainda ocorrem no curto prazo.
Eventualmente, todos esses problemas de longo prazo podem desafiar as belas mentiras que são a força motriz da política do estado de bem-estar. Mas podem ocorrer muitas eleições de hoje até o futuro – e aqueles bons em mentiras políticas podem vencer muitas dessas eleições.
Enquanto não chega o dia do ajuste de contas, existem diversas formas de aparente superação da crise. Se estiver terminando o dinheiro, você pode imprimir mais.  Isso não torna o país mais rico, mas silenciosamente transfere parte do valor da moeda que compõe a poupança e a renda das pessoas para o governo, cuja moeda recém impressa vale tanto quanto o dinheiro que as pessoas receberam e pouparam.
A impressão de mais moeda gera a inflação – e a inflação é uma mentira discreta, por meio da qual o governo pode manter suas promessas no papel, mas com o dinheiro valendo muito menos do que quando as promessas foram feitas.
É tão surpreendente que eleitores com expectativas fantasiosas elejam políticos que mentem em relação ao cumprimento de tais expectativas?
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Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. 
Fonte: Maristela Farias

Para garantir vaga de deputado distrital nas eleições de 2014, São Sebastião terá que focar em um único candidato

Foto divulgação retirada da internet sem valor comercial

A todo instante vejo pessoas dizerem que odeiam falar de política por acreditarem que todos os políticos são ladrões e farinha do mesmo saco. O que talvez essas pessoas não estejam entendendo é que, quanto mais elas se distanciarem da política e dos políticos, pior será.  Ninguém, na verdade, é obrigado a gostar de nada, mas saber o que eles estão fazendo na condição de representantes do povo deverá ser sim, a obrigação de todo eleitor, até mesmo para não se deixar ser enganado. Se de um lado têm as pessoas de bem que não estão nem aí para ela, do outro, têm os oportunistas que fazem de tudo para estarem no poder através da política. E, por incrível que pareça, eles conseguem se eleger deputados e senadores graças ao voto do próprio povo.

O erro persiste quando o eleitor deixa de votar numa pessoa conhecida da sua cidade para votar em um candidato de fora só porque tem dinheiro, consegue aparecer melhor nas pesquisas eleitorais e o outro não. Como ele não tem nenhum compromisso com a cidade, desaparece, simplesmente, um dia depois da eleição, para reaparecer quatro anos depois para tornar a pedir o voto dos eleitores. É um círculo vicioso que se repete a cada eleição e o eleitor, desinformado, acaba votando nele novamente. Depois vem as reclamações e decepções mais, aí, já é tarde demais para chorar pelo leite derramado.  

Se no meio político tem pessoas de má índole e corrupta tem, também, pessoas do bem, que só não conseguem chegar ao poder porque não têm como competir financeiramente com os representantes dos grandes cartéis da capital. Não se pode generalizar e nem achar que todo mundo é igual. Por isso é importante separar o joio do trigo e dar uma oportunidade a quem sempre lutou pela comunidade.

Da mesma forma que os sindicatos, igrejas e empresários se organizam para eleger os seus representantes, a população de São Sebastião também deve se organizar para eleger o seu deputado distrital e federal, para ter voz tanto na Câmara Legislativa quanto no Congresso Nacional. Mas para isso precisa focar em um único candidato da cidade e esquecer os de fora porque, do contrário, vai ficar mais quatro anos desamparada. Apesar da necessidade que temos de eleger um deputado distrital, não significa, necessariamente, que temos que apoiar o primeiro que aparecer só porque é morador da cidade. Tem que ser alguém com chances reais de chegar lá e que tenha, além da ficha limpa, projetos e visão de futuro.
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Outra coisa que poderá nos atrapalhar em 2014 é a pulverização dos votos. Um ano antes das eleições os partidos políticos saem à caça de líderes comunitários com aspiração política para concorrem por suas legendas, mesmo sabendo que a maioria deles não tem a mínima chance de se eleger. Mas os votos deles servirão para eleger quem realmente o partido quer que seja eleito, no caso, o empresário ou o líder religioso que injetou grande quantidade de dinheiro na legenda. É o pequeno enchendo o balaio do grande. Se esse artifício é ótimo para os partidos, é péssimo para a cidade porque não consegue eleger ninguém! Os eleitores não devem votar numa pessoa que se candidatou por vaidade pessoal ou porque esteja fazendo o jogo dos partidos políticos, que precisam atingir o coeficiente eleitoral a qualquer custo. Por isso é importante que São Sebastião despeje os seus 55 mil votos em um único candidato da cidade para garantir, de fato, a eleição de seu representante.


Ivonildo Di Lira
Líder Comunitário de São Sebastião